sexta-feira, 5 de abril de 2013

Um pouco, como se um desabafo

Eu escrevi isto numa outra página e sendo este o meu blog, achei que devia partilhar.

Boa noite a todos, 
A história que vos tenho para contar é um pouco " um cliché" digamos assim, de que todos os rapazes gostam de carros e que os carros fazem parte um pouco da cultura, assim dizendo, masculina.
A verdade é que todos os jovens rapazes enquanto crescem só falam de carros, futebol e miúdas, eu sei, porque eu fui assim. Menos a parte do futebol.
Eu desde muito pequeno que adoro carros, os meus pais contam-me que eu ia na cadeirinha de bebé a contar os carros e dizer em voz alta as marcas que via enquanto passávamos...o mais engraçado é que eu mal sabia falar, mas não perdia a oportunidade de dizer "alfa romeo, mercedes, bmw, renault, peugeot, lancia, fiat..." claro que não muito fluentemente, afinal de contas era um bebé.
Eu fazia filas de carros do meu quarto, a passar por baixo da cama dos meus pais, até à sala onde depois começava a chorar porque não tinha mais carros para continuar pela cozinha e voltar ao meu quarto.

Acho que só a partir dos meu 8 anos é que o meu pai deixou de ter medo de ir às escuras à cozinha beber água, com medo de pisar os meus carrinhos "corgi" pelo caminho (não devia ser agradável sendo que são feitos de metal, talvez até piores que lego... e todos os que são pais aqui, sabem que um pé descalço a pisar lego, dói e muito!)

Hoje em dia o fenómeno mudou um pouco, já não faço filas de carros, nem digo em voz alta as marcas de carros que levava os meus pais à loucura... A minha cabeça já não parece um farol a tentar olhar para todo o lado ao mesmo tempo, cativado pelo design próprio de cada marca e modelo, cada designer, edição e re-edição. 
Tudo isto parou e hoje só reconheço um carro interessante, que se avizinha numa curva, pelo barulho ou pela cor. 

Não consigo deixar de expressar a minha tristeza perante vós, entusiastas e petrol heads, por ver no que se tornou a indústria automóvel, porque eu que desde pequeno que me lembro de prestar mais atenção aos carros e hoje em dia, são poucos os que faço questão de ver com olhos de ver.
Nunca pensei que a jaguar se vendesse tão baixo e nunca pensei ver a citroen a abandonar a sua extravagância... mas pior que tudo isso, nunca pensei viver para ver a alfa romeo deixar o seu pedigree morrer... " Sim um alfa romeo é um carro que provavelmente te tenta mata numa curva, mas ao menos enquanto a fazes, fazes com um sorriso na cara, em honra a tudo o que a alfa representa"

Eu já me alonguei demasiado, no entanto, eu disse tudo isto também para poder terminar com um ideal, pelo qual me sigo fiel todos os dias.

Nada me faz mais confusão do que ver um clássico numa sucata, eu quando olho para um clássico, não vejo só um automóvel magnífico, forjado na tentativa (nem sempre fisicamente fundamentada) de superar o modelo anterior, de ir mais além, de poder chegar às competições com um sorriso na cara como fez Caroll Shelby a demonstrar a todos, de que não é preciso máquinas sofisticadas, matemáticos brilhantes e materiais vindos do espaço para se criar algo puro, um conceito brilhante que mostrou ao mundo como se faz um automóvel fenomenal que ainda hoje um mito! 
Se calhar sou só eu que vejo uma alma em todos os carros, mas na minha cabeça, cada um deles é absolutamente fantástico.

Olhar para um clássico e ver o suor das dezenas de funcionários que trabalharam horas sem fim em redor do carro, para que no dia de estreia, ele saia a rolar da fábrica, como a obra de arte que ele é.

Eu desafio quem ler isto, sentar-se no seu carro recente e tentar falar com ele... não funciona pois não? Agora tentem no vosso clássico...

Para mim, o meu melhor amigo é o meu Range Rover. 
Toda a gente tem a sua marca ou modelo favorito, por muito que neguem isso, é um facto. Eu gosto de pensar que há em parte, uma certa compatibilidade entre uma pessoa e um automóvel e para mim, o Range Rover é como se a minha cara metade.
Todos vocês já sentiram isto ou vão sentir isto com um automóvel, "aquele que nunca vou vender e se vender é para comprar outro igual, no entanto, não há carros iguais e quando o vendem muitas vezes arrependem-se.." Verdade ou mentira?

Se eu vos disser que no dia em que o trouxe para casa, tive uma hora e meia ao volante a falar com ele, na minha cabeça, vocês chamam-me de maluco, e com um ponto de razão.
A verdade é naquela hora e meia em que estive dentro do habitáculo, eu imaginei tudo na minha cabeça. 
De como eram naquela época as fábricas, os carros, a mentalidade das pessoas quando o usavam para ir ao fim de semana para o campo, as gasolineiras, as oficinas, as estradas...até o cheiro de quando veio novo para Portugal.
Claro que é só a minha imaginação a trabalhar, no entanto, durante aquele momento, foi como se tudo fosse real e eu estivesse dentro de um Range Rover novo em folha, acabado de chegar e ainda com o selo da British Leyland no passport e manual do dono.

Eu adoro o meu Range Rover, é o meu melhor amigo e eu nunca o abandonarei, nem que me custe tudo.

É um desabafo e em parte, um ponto de vista.

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